Ahh Itacaré! Pedaço de inferno no meio do litoral! Quente pra caralho, mas "quanto mais quente melhor". Parada no tempo, onde as músicas de 5 milhões de anos atrás tocam como se fossem lançamentos: "eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci..."
Estava Lucas mucho loco na sexta à noite, trêbado para não dizer mais, e dois amigos vêm com a idéia:
"Vamos para Ilhéus?"
"O que... agora?"
"Sim. Mas tem que ser agora!!"
"Bora véi! Agora!"
Quase uma hora e alguns arranjos depois lá estava eu dentro de um Pegeout 206 rumo a Ilhéus! Certamente a maior loucura que já havia feito; mas estava tudo susse, tinha dinheiro suficiente para um dia e zero compromissos para o fim de semana. Porém, nem pensei nessas implicações, fui na loucura e de repente já estava no meio da Serra do Massal [que na volta constatei ser um lugar lindíssimo], viajando em Shut Up e neblinas.
Lá pelas seis da matina chegamos em Ilhéus, paramos numa padaria de aparente bom gosto [nota mental: aparência sucks!], a bebedeira já havia passado e nos demos conta:
"Mas que merda a gente ta fazendo aqui?!"
Sem nenhum prospecto de onde ficar ou o que realmente fazer sugeri irmos para Itacaré [a alguns quilômetros de Ilhéus], onde ao menos teríamos praias de verdade para ver.
Lá nos hospeda-ríamos em qualquer lugar desde que houvesse ar-condicionado no quarto; apesar do calor conquistense, nós dos planaltos não estamos muito bem acostumados ao calor das planícies, especialmente as litorâneas. E a primeira coisa a ser feita após instalados era dormir. Antes de pegar no sono eu já pensava que aquela era a soneca mais extravagante da minha vida, e rir da situação toda era o mínimo e máximo a ser feito, afinal a cagada já estava feita. rs.
Foi um fim de semana susse, apesar da loucura repentina - mas, por todo o tempo, eu pensava e me retificava na essência descontrol do wanderlust. Mesmo que outros tenham cantado o desejo de sair por aí, acredito que nenhum foi tão eloqüente e genial como aquela diaba da Islândia, com seus gritos altamente oportunos e aqueles metais cheios da energia necessária para a vida vagueante.
Obviamente viagens como essas são cheias de revelação e atos inesperados, mas, com certeza, bons. O grande barato da droga que é o wanderlust é o fato de se jogar no oculto, portanto, o inesperado fora abraçado com 50 milhões de braços. Contudo, eles são sagrados - então, continuarão em segredo.
[Musique: The Build Up - Kings Of Convenience and Feist]