"...who'd have known, when you flash upon my phone i no longer feel alone"

- Lily Allen

BitchyList

terça-feira, 14 de abril de 2009

O Casamento de Rachel

Por todos os meus 22 anos eu só estive presente em dois casamentos: o dos meus pais - eu deveria ter alguns pares de meses intra-ulterinos - e o de um dos irmãos de minha mãe [nem lembro minha idade na época]. Mas casamentos sempre estiveram presentes em minha vida imaginária, literária, cinemática e especialmente nos finais de novela.

Acabei de rever O Casamento de Rachel, filme pelo qual Anne Hathaway foi indicada ao Oscar este ano. Uma das mais intensas experiências cinematográficas que já tive, mesmo pela segunda vez. Jenny Lumet [roteirista] e Jonathan Demme fizeram um filme no qual trataram de amor e dor em formas tão sublimes e honestas que chegaram a ser desconfortáveis. Para mim, este approach trouxe à tona uma série de sentimentos e desejos tão secretos que eu mal sabia que os tinha.

Kym [Hathaway] sai da rehab para o casamento de sua irmã Rachel [Rosemarie DeWitt, que brilha em cada cena, tornando-se linda especialmente nos momentos mais tensos]. O casamento dela foi uma reunião inspiradora de amigos e familiares artistas, no qual a música se fazia presente [dando ao filme um feeling de musical] ao mesmo tempo que todos os dramas familiares apareciam de forma tão chocante quanto inevitável.




Apesar da minha pose sisuda e às vezes indiferente a certos idealismos, sou uma pessoa que compartilha sonhos comuns à maioria da população romântica do planeta. Minha acupunturista diz que sou alguém fortíssimo, mas capaz de se desfazer se forçado no ponto exato. Por mais ingênuo que soe para alguém como eu, vivente de uma sociedade preconceituosa e às vezes bem cruel, quero não apenas casar, como ter uma cerimônia na qual meus amigos e família estejam presentes compartilhando o momento.

Porém, nunca havia imaginado como seria ou como gostaria que fosse antes de ver este filme. A presença de todo o drama, dor, mas tudo sempre atrelado a um amor que unia a todos ali [e uma vontade de manter aquele amor o tempo todo]... isso no filme me fez constatar que eu nunca poderei imaginar como será quando chegar minha vez, o que eu falaria na hora de fazer meus votos, como me sentiria. São sentimentos e projeções que a arte nos permite, mas, quando belamente executadas, como no caso deste filme, apenas nos fazem constatar que nunca saberemos até que o momento real chegue.

Ainda assim, os desejos existem e às vezes eles vêm pungentes e tão reais quanto um filme.
[Musique: Este filme é tão cheio de uma música tão linda e presente, que eu nunca consigo substituí-la por um bom tempo após assistí-lo.]

Saudadonna

Eu não consigo parar de dançar. Eu não sei mais colocar uma melodia ultra fossa e sofrer com ela. Há alguns minutos tentei ouvir bolero; amey mas não durei nem 5 músicas.

Definitivamente eu devo ter virado um discípulo de Tony Manero e só consigo resolver minhas agruras na pista de dança, pois logo troquei por Sophie Ellis-Bextor e acabei me lembrando como é gostoso lidar com o coração enquanto todo o corpo se rebela contra a depressão. Se Kylie foi quem me atentou para o poder curador do dancefloor, é Ellis-Bextor minha terapeuta oficial.

Há um gosto meu no fato de que ela não é tão famosa quanto Minogue, me fazendo sentir uma certa discrição. As pessoas podem conhecer bem os singles, especialmente Murder On The Dance Floor, ou algum álbum - mas poucos sabem das jóias secretas contidas neles. Em Trip The Light Fantastic [2007] mesmo há canções de dancefloor que são perfeitas para momentos bipolares em que todos os sentimentos obscuros não são suficientes para impedir seu corpo de sair por aí dançando.

If You Go [composta e produzida em parceria com Xenomania] fala em ser honesto quando há problemas de relacionamento, mas suas batidas otimistas e frisantes transmitem uma vontade de revisar e concertar as coisas. Baladas como Today The Sun's On Us [meu 2o lugar em 2007] e The Distance Between Us são um tanto mais harcore. A primeira possui o mesmo otimismo recorrente no álbum: a letra explana sobre enxergar o lado bom das coisas, quando seria mais fácil sucumbir, ao mesmo tempo que a música te leva para paisagens introspectivas; a segunda, apesar da letra sentimental e rasgada, e ser uma indiscutível balada, possui uma bateria com personalidade dos anos 1980 que, associada aos efeitos do ElectroPop contemporâneo, possibilitam mexermo-nos o quanto quisermos.

Outra característica que faz de Sophie uma expert neste tipo de catarse é sua voz levemente áspera que transforma as canções e suas líricas em amigas íntimas. Não é difícil viajar na idéia de ter Bextor cantando bem próxima a nós. Esse tipo de vivacidade é puro Drama Pop, e da melhor qualidade! Provavelmente por isso que os Freemasons escolheram Sophie para dar voz ao próximo single deles, previsto para dia 15 de junho no UK, e que se chama: Heartbreak Make Me A Dancer.

Familiar, uh?

[Musique: The Distance Between Us - Sophie Ellis-Bextor]