Lily Allen tinha tudo para ser mais uma dessas one-hit-wonders desta primeira década do século. Mas no começo deste ano ela lançou este álbum It's Not Me, It's You, pelo qual eu não movi um músculo de ansiedade [li isso aqui na época que foi publicado, porém não tive muito mais que uma habitual curiosidade]. Entretanto, agora que o álbum vazou e já foi lançado, ele vem adentrando minha pele mais gradualmente que seu Alright, Still [mega hit na minha vida].
A coisa mais interessante de INMIY é que Allen ainda é Allen: provocativa, sarcástica e engraçada. Porém, tudo nela neste novo trabalho está diferente. Primeiramente, repare nas roupas! Graças a D-us os vestidos langains deram lugar aos looks sóbrios, e a postura bêbada e bocuda tem sido substituída por alguém que fala, não grita.
Langain, mas com classe!
Neste segundo álbum ela continua brutalmente autobiográfica, porém há menos festas e socos em garotas ricas metidas a besta. Em "It's Not Me, It's You", Allen adiciona a adoráveis faixas ElectroPop-fônicas, letras mais reflexivas sobre si mesma e o mundo ao qual diretamente se relaciona. E isso que é legal: ela refletiu sem ficar muito dark e deprê. Aliás, mesmo quando ela atinge temas "polêmicos" como D-us [na faixa Him], ela o faz de maneira bem humorística, quase engraçada. Até mesmo quando fala de um tema político já ultrapassado que nem George W. Bush, como ela faz num dos ápices do álbum - Fuck You, a canção soa mais sobre o quadradismo social, do que sobre alguém em específico.
Musicalmente ela também soa melhor. "Alright, Still" tinha óóóóóótimas canções Pop que flertavam tanto com Hip Hop, quanto com estilos não muito habituais como o Ska. Neste, contudo, ela vem de ElectroPop. Manjado? Não quando se tem personalidade forte como Allen. Há uma acusticidade na maioria das faixas, mas elas mantém uma característica caseira que, no caso de Allen, é quase uma marca; faixas como Not Fair e He Wasn't There possuem aquele toque retrô [a primeira é deliciosa meio Country-filme-de-bang-bang], mas não soam pretenciosas como a maioria dos samples-suckers da música Indie Pop atual.
Por isso esta nova maturidade tem me cativado - é como se Allen estivesse na melhor fase da juventude: a que a gente se diverte loucamente, mas sabe que tem mais na vida que sexo drogas e rock'n'roll; ela não parece forçar a vida adulta, como muitas cantoras pop fizeram em seus segundos álbuns [oi Nelly Furtado! Vanessa Carlton!], Lily apenas deixa que a maturidade venha naturalmente. Afinal, 23 anos não são 30!
[Musique: Everyone's At It - Lily Allen]