"...who'd have known, when you flash upon my phone i no longer feel alone"

- Lily Allen

BitchyList

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Desejum Com... Brazilian Girls

Algo que não acontecia há muito tempo aconteceu. No meio da Awards Season tem um prêmio que foi o primeiro em que viciei: o Grammy. Eu amava torcer pelos meus nomes favoritos do Pop e inevitavelmente conhecer outros. Isso até eu perceber que os Grammy são um dos prêmios mais industrializados da Awards Season. Eles sim têm mais a ver com quantidade do que qualidade.

Aí um dia, só por curiosidade, resolvi ver os indicados ao Grammy deste ano. Fiquei beeeem entediado mas aí li os indicados a Melhor Álbum de Electronic/Dance:

New York City - Brazilian Girls [Verve Forecast]
Alive 2007 - Daft Punk [Virgin Records]
Bring Ya To The Brink - Cyndi Lauper [Epic]
X - Kylie Minogue [Capitol/Astralwerks]
Last Night - Moby [Mute]
Robyn - Robyn [Konichiwa/Cherrytree/Interscope]

Q/ Brazilian Girls?! Q ISO/?

"Brazilian Girls é uma banda de Nova Iorque conhecida por sua mistura eclética de música eletrônica e dance music com estilos musicais tão diversas como o tango, chanson, house e lounge. Nenhum dos membros são realmente do Brasil e a única mulher da banda é a vocalista Sabina Sciubba. Outros membros incluem o tecladista Didi Gutman, o baterista Aaron Johnston e ex-baixista Jesse
Murphy
.
"

- Wikipedia



Claro que fiquei curioso! E foi isso que aconteceu, o Grammy me influenciou na busca por música, o que não acontecia há séculos. Este episódio tem uns quinze dias de acontecido, desde então Brazilian Girls é constante em vários momentos raxantes da vida. rs

E hoje, que acordei em cima do laptop - já que pouco depois da meia-noite eu ainda escrevia por aqui, - foram eles quem me acordaram. Mas sentar na frente do computador e usar a Internet implica em às vezes se perder fazendo outras coisas menos o que deveria: desejum!





[Musique: Pussy - Brazilian Girls]

"Everyone's At It"

Continuando a minha Allen-ização estou de cara com as letras deste novo álbum! Já disse que elas continuam controversas, mas longe da convenialidade do Pop atual.

Britney Spears e seu novo single têm causado polêmica devido ao trocadilho entre a pronúncia da frase If You Seek Amy e F-U-C-K Me [em inglês]. Mas sabe o quê? Tricks are for kids! Travessuras são para crianças! Neste novo álbum Lily Allen mostra a Britney e afins o que é contar você mesmo a sua história. Lily não apenas discorre sobre temas, sejam eles gerais ou pessoais, ela transmite uma opinião madura e forte.


Not A Girl, Still Hardly A Woman

Em Everyone's At It ela abre o álbum com um insight genial sobre as drogas. Em seu discusso ela é direta e honesta, dizendo que as pessoas as usam o tempo todo. "I get involved/ But I'm not advocating" ["me envolvo, mas não estou advogando], ela diz, então por quê não admitimos o negócio e, caso seja um problema, começamos a lidar com isso de maneira aberta? Allen toca na hipocrisia nossa cotidiana com versos como:

So you've got a prescription,/Então você pega uma receita,
And that makes it legal./E a coisa se torna legal.
I find the excuses,/[Mas] Eu acho as desculpas
Overwhelmingly feeble./Terrivelmente fracas.


Nesta sociedade pós-Amy Winehouse, esta posição [na minha opinião] parece a mais sensata. Em Fuck You, como citei em minha review [um post abaixo], ela lança sua língua ferina ao ex-presidente americano George W. Bush. Mas, inteligentemente, sua letra generaliza uma personalidade não muito rara em sua nossa geração:

Look inside, look inside your tiny mind, then look a bit harder
Olhe dentro, dentro de sua mente minúscula, e depois olhe mais ainda
Cause we're so uninspired, so sick and tired, of all the hatred you harbour
Porque já estamos cansados e sem inspiração com todo o ódio que você nutre
So you say it's not OK to be gay, well I think you're just evil
Então você diz que não é certo ser gay, bem, acho que você é apenas mau
You're just some racist, who can't tie my laces
Você é apenas um racista, que não me convence
Your point of view is medieval
Seu ponto de vista é medieval

Porém Allen não pára por aí.

Alright, Still [2006] era bem raivoso. Allen guardava rancor do namorado traíra, destratava os sexualmente desinteressantes e não perdia uma briga com garotas nojentas. Tudo muito humano, como diriam Billy Flynn e Mary Sunshine, "understandable, understandable"; aí Allen gritou, as pessoas escutaram, mas falaram de volta. De repente era dela que falavam e as pessoas, como ela, raramente foram agradáveis. É provável que por isso em It's Not Me, It's You ela se coloque mais na linha de seu próprio alvo que anteriormente.

A exasperada Back To The Start possui um quê de pedido de desculpas não-específico, parecendo direcionada a todos por quem ela manteve a postura birrenta e irritante. Porém é interessante como ela não se desmancha em cenas dramáticas, apenas assumindo sua culpa nas situações. Em The Fear ela reflete sobre a obsessiva cultura da fama e como nós geralmente a confundimos com sucesso, sempre insatisfeitos até que todos tomem conhecimento de nossa existência.

Contudo, falando assim, tudo soa bem sombrio e sério, mas é impossível não dar boas gargalhadas ouvindo o CD. Desde o delicioso sotaque, à afinada voz e cativantes batidas - tudo é parte da personalidade jocosa e sarcática de Allen. Ao falar de um relacionamento na divertida Not Fair ela começa fofa mas logo solta a bomba:

He's not like all them other boys/Ele não é como os outros garotos
They're all so dumb and immature/Eles são tão burros e imaturos

There's just one thing that's getting in the way/Mas só tem uma coisa que atrapalha
When we go up to bed you're just no good/Quando vamos pra cama é péssimo
It's such a shame/É uma vergonha
I look into your eyes I want to get to know you/Olho nos seus olhos, quero te conhecer
And then you make this noise and it's apparent it's all over/Aí você faz aquele barulho e aparentemente já acabou

O mesmo humor se apresenta por todo o álbum, perguntando-se se D-us já usou heroína ou cocaína em Him, e acompanhada por um ótimo acordeon em Never Gonna Happen. Acabou? Não mesmo: Lily Allen também é doce! Se antes ela somente baixa sua guarda em Littlest Things, aqui ela abre o coração sem cair no pieguismo. Who'd Have Known e Chinese têm clichês habituais de letras Pop românticas, mas é adorável como elas soam verdadeiras em meio à honestidade que permeia o álbum, que se encerra em mais uma canção dedicada a um membro da família. Em 2006 ela tirou sarro do irmão mais novo com Alfie, em 2009 ela demonstra amor e zero ressentimentos em relação a seu pai, que raramente era um pai tradicional e presente.

O interessante disso tudo é a proximidade que a vida de Allen parece ter da minha e de muitas pessoas que conheço; ela, que é apenas 2 anos mais nova que eu, se apresenta como alguém que vem crescendo comigo, mesmo com um background bem diferente do meu. E acredito que muitos outros fãs ou apenas ouvintes conseguem se relacionar com isso - afinal, agora ela parece ter problemas de verdade, juntamente com experiências mais edificantes que ficar bêbada e caçar confusão.

Coincidência? I don't think so.