"...who'd have known, when you flash upon my phone i no longer feel alone"

- Lily Allen

BitchyList

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Catfight


"ui madonne vose ta acabade! relasha vamos migrate" "uhg... fuck off mocreiah! you don't have my name!"


É engraçado porque essa briga é velha pra caramba. Na mesma época do lançamento do Confessions On A Dance Floor, Mariah lançou o álbum que a trouxe de volta para os braços da crítica e público [geral, fãs não contam], The Emancipation Of Mimi. Em 2008 Mariah tenta manter seu status de rainha da America com E=MC², enquanto Madge [aparentemente] tenta com Hard Candy o que Mimi fez para Mariah há 3 anos. Antes mesmo do lançamento dos dois álbuns, a guerra já estava declarada na mídia; mesmo que nenhuma das duas oficialmente declarem-se inimigas [com certeza ambas já se acham velhas e estabilizadas demais para essas questões].
Num passado usual eu simplesmente diria "foda-se... é claro que Madonna é melhor," mas hoje as coisas são diferentes, considerando que ambos meu fanatismo pela senhora Ciccone-Ritchie e desgosto por Carey diminuiram. Dias antes de finalmente escutar HC eu estava viciado e adorando a fórmula nonsense de Mariah; e mesmo sem me importar com as bobajadas da mídia sobre as duas, eu mesmo já instalava uma disputa interna sobre qual das duas faria o melhor álbum Urban-driven da temporada.

Por que Mocreiah?
O grande êxito de Mariah Carey para mim esse ano foi conseguir quebrar o gelo que impunha contra ela. Obviamente condenei Touch My Body sem ao menos a ter tentado; mas aí depois eu simplesmente me apaixonei pelo jeito brega de ser que Mariah impõe perfeitamente. O melhor disso é que ela age como se não fosse! Mas essa falta de semancol é uma das marcas mais fortes e saborosas da Black Music americana. Existe coisa mais brega que bling-blings, uniformes de hockey com bonés-de-lado e calça jeans-cachorrona com scarpin? Mas, cara, é o jeito deles! e o fato de eles o abraçarem assim é louvável.
Mariah Carey é uma das personificações disso tudo.
A Rolling Stone diz que ela abraça seus extremos como ninguém: "Ela está sempre quebrando no R&B-hop ou cantando baladas melosas, falando sacanagem ou se abraçando com uma Hello Kitty. Seu décimo álbum não é diferente: começa numa boite e termina numa igreja."
No fundo eu admiro pessoas assim. Quem se importa se ela tem a profundidade de uma bacia? O legal é que é divertido.

Por que Mandonna?
Simplesmente porque nem quando eu decido odiá-la eu consigo. Hard Candy é o melhor exemplo de que as primeiras impressões nem sempre são as melhores. Qualquer Madge-maníaco com [pseudo] inteligência e senso crítico abre logo a boca para gritar que esse álbum é extremamente inferior a qualquer um dos anteriores. Mas basta audições atenciosas a não só as letras, mas especialmente aos arranjos que a prepotência é mais sua que de Madonna.
O que quero dizer é o seguinte: as letras de Hard Candy são ótimas! São todas introspectivas e na maior parte muito bem trabalhadas, mas acima de tudo são despretenciosas. Lendo críticas percebi que a única letra mais politizada do álbum é 4 Minutes, ainda assim sendo muito sutil. Madonna não estar querendo salvar as pessoas do inferno com suas letras é ótimo. Nós fãs, claro, adoramos quando ela diz para nos fodermos e depois fala "put away your past/love will never last/if you're holding on to a dream that's gone"; mas nem todos, na verdade, a maioria das pessoas não dá a mínima para isso.
Em Candy é como se ela se apresentasse para agradar; mas do jeito de Madonna. Ela sabe que a gente vai chupar qualquer coisa que ela coloque em nossa boca mesmo - não por estupidez, mas porque o doce dela é sempre doce! Dessa forma, eu retiro o que disse em minha crítica de que a maior falha de Hard Candy é ter menos Madonna que o usual. Provavelmente essa é a melhor qualidade do álbum, pois como nas posições de Yoga que ela habitualmente faz nas coreografias de seus shows, ela mostra o quanto é flexível. Apesar de ter Timbal, Justin e Pharrell muito forte em Hard Candy, todos eles estão ali para e por Madonna.


Doce X Física
Qual dos dois você escolheria? Eu sei bem qual eu escolheria sem pestanejar. Contudo no caso desse doce e dessa aula de física, não fica tão fácil.
E=MC² é um típico exemplar de seu estilo, enquanto Hard Candy é uma fusão inovadora das batidas do Urban Pop com as eleutrias do Dance. Tente escutar as músicas do novo álbum da Material Girl com minúcia e você vai ouvir uma série de detalhes quase psicodélicos. Por isso então eu fico com a resposta óbvia e escolho Doce. Como ela mesma disse, é um doce difícil de morder, mas hora ou outra você acaba engolindo e gostando.


Conclusão
No fim da história, os dois álbuns são provas cabais de que sem preconceito você vai longe. O de Mariah tem a qualidade de abrir portas para o R&B, por sua despretensão diante de sua importância, ou falta de importância. Nem A Emancipação nem essa paródia de Einstein são álbuns que serão lembrados por mais que sua importância comercial devido à sapiência de se dar o que se está querendo [Mariah tem sido muito melhor nisso que Madonna, factum], mas há qualidade por trás da Billboard? Hell yeh! E Mariah tá no meio.
Quanto a Madonna, talvez o melhor de Hard Candy é que não há nenhuma reinvenção bombástica nele. Confessions tinha a massificação mundial do Euro-pop, mas por ela ter escolhido de alguma forma dividir seu holofote com vários outros, talvez essa seja a melhor [auto] reinvenção, afinal, dividir seu momentum com outrem não é o que Madonna costuma fazer. Em Candy ela faz isso, tão bem que no fim do dia é ELA que você não consegue tirar da cabeça.