Ainda na onda do álbum anterior de Madonna, vou destilar algumas confissões sobre o novo álbum dela. Confissão #1: estava disposto a odiar o Hard Candy desde o começo. Sim, isso é péssimo – mas como Hip Hop não é minha colher de chá, decidi de antemão que chochar Hard Candy seria meu objetivo. Confissão #2: no fim das contas, não vejo porquê.
Sou fã de Madonna há alguns anos, mas não estou fadado a adorar tudo que ela faz. Hard Candy, por exemplo, tem uma falha que nunca deveria estar presente num álbum de Madonna: a falta de Madonna. A deusa da música Pop sempre trabalhou com produtores underground; obviamente ela não (re)inventava rodas a cada trabalho, mas o fato de ela estar lançando o produtor fazia com que o trabalho inconscientemente tivesse a alma dela.
Para “Candy” Madonna escolheu The Neptunes, Timbaland e colaborações de Justin Timberlake e Kanye West. Todos esses caras estão/são ultramegahypados e têm egos do mesmo tamanho do dela. Então, quando se escuta “Candy” você vê muito mais Timbal e Pharrell trabalhando, do que Madonna. Muitas vezes, soa como se Madonna estivesse dando uma de Rihanna/Beyoncé/Fergie, sendo que ELA é a inventora dessas Pop-piranhas.
Contudo, quando se pára de pensar nesses quesitos intelectualóides e pseudo-críticos, o álbum é recheado de obras-primas das batidas. Candy Shop é uma deliciosa abertura, com uma ousadia digna de Missy Elliot. E enquanto outras canções como Give It 2 Me (suposto novo single) e Dance 2night são daquelas que, com certeza, bombarão as pistas mundo afora, há também preciosidades como Heartbeat e Miles Away, que são cantadas com uma verve que não se esperava da quase-cinquentona num momento “frio” da carreira.
Meu aspecto favorito das canções são as reviravoltas. Na maior parte delas há momentos em que tudo muda e se tem uma nova música concluindo a faixa. A melhor neste quesito, com certeza, é Incredible. A canção divide opiniões, mas é a que define melhor o álbum. Assim como "Incredible", Hard Candy tem momentos de tirar o fôlego - como orgasmos numa noite de sexo selvagem (“sex with you is incredible!”) com alguém que após terminar tudo, levanta e vai embora... não com alguém que você conhece há anos. Mas, como ela diz na melhor faixa do álbum, Beat Goes On: “não estou te contando nada novo, não há tempo a perder, então está na hora de celebrar.”
[Musique: Incredible - Madonna]
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