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Nessa segunda vez em que assisti esse clássico da Paramount, imaginei como seria se Audrey tivesse tido a chance de trabalhar com Woody Allen. Isso porque o senso de naturalidade de sua atuação é tão vibrante que até em momentos extravagantes e improváveis como em APEOP, você ainda consegue sentir como se fossem as coisas mais prováveis de se acontecer.
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Apesar de pequenas falhas, [praticamente não vemos o romance de Ann e Joe Bradley crescer, você apenas sabe que ele acontecerá e ele apenas acontece,] superficialmente este é um filme na premisa básica do cinema: entreter; mas claro, há mais nele do que vêem os olhos. Enquanto você segue as aventuras deles no lindos e históricos pontos turísticos romanos, você experiencia o amadurecimento de uma jovem mulher. Ann parte de uma garota inocente impactada por seus inevitáveis deveres políticos, para uma uma mulher consciente de sua importância para seu país; e ela chega a isso vivendo - mesmo que por um dia somente - sua vida como ela gostaria e fazendo coisas esperadas de uma adolescente normal [mesmo que a idade dela nunca seja especificada]. Isso fica claro quando ela entra no salão de beleza e corta seu cabelo, como num ato de desejo por independência, e nos faz pensar se os jovens devem realmente amadurecer cedo demais, como hoje em dia, perdendo assim coisas importantes que os moldarão para o resto de suas vidas.
Audrey Hepburn parece, em cada momento, estar em perfeito conhecimento disso e possui Ann com sublime e sutil atuação [a cena em que ela descobre que Joe e Irving são jornalistas é orgásmica!]. Durante as filmagens Gregory Peck delirou sobre a performance de Hepburn e disse que ela deveria e iria ganhar o Oscar de melhor atriz naquele ano, por seu retrato da jovem Ann. Pois bem, ela ganhou, derrotando estrelas estabelecidas e geniais como Ava Gardner e Deborah Kerr [como a misteriosa e hipnotizante Karen Holmes em A Um Passo Da Eternidade].
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Então no fim, a colagem pop de Baz é como um musical deve nos fazer sentir, porém melhor: simplesmente porque ele transforma o mundo num lugar mais feliz e bonito, apesar de sua obscuridade. E já que eu sou/adoro experiências catárticas, esse filme é essencial para quando estou melancólico e romanticamente abalado; fica aí a dica.
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Outra coisa que me cativou nessa segunda vez foram os adoráveis flertes que ele faz com o Brasil. Vocês sabem que Caetano canta Cucurrucucú Paloma nele; porém antes disso, na primeira cena de tourada a música tocada é Por Toda A Minha Vida, de Elis Regina e Tom Jobim; depois Marco cita uma música de Jobim para Lydia [Insensatez]; e dentre os guias de viagem escritos por Marco, há um do Brasil.
Hable Con Ella, pelo fim, transforma-se num lindo ensaio sobre a solidão com pitadas de saudade, onde Almodóvar brilha em seu estilo de homenagear a arte do Cinema [desta vez a era muda] e usando polêmicas tramas; mas para mim, esse é um filme que tem um fim tão luminoso e cheio de esperança que reassegurou em mim o "poder do adeus"; mas também incitou meu desejo por amor. E não estou falando de sexo.
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[Song: Lamb - Gorecki]
Um comentário:
Heya! I linked you, as you wished. :)
It's so cool that you speak another language, I'm assuming it's Portuguse. I'm learning Spanish at school, but Portuguese seems so much prettier!
And also, this is so freaky, my favourite Mika songs are exactly the same as yours - Happy Ending, Love Today, and especially, Lollpop.
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