"...who'd have known, when you flash upon my phone i no longer feel alone"

- Lily Allen

BitchyList

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Baque

“A morte não é tudo. Não é o final. Eu apenas passei para a sala seguinte. Nada aconteceu. Tudo permanece exatamente como foi. Eu sou eu, você é você, e a antiga vida que vivemos tão maravilhosamente juntos permanece intocada, imutável. O que quer que tenhamos sido um para o outro, ainda somos. Chame-me pelo antigo apelido familiar. Fale de mim da maneira que sempre fez. Não mude o tom. Não use nenhum ar solene ou de dor. Ria como sempre fizemos das piadas que desfrutamos juntos. Brinque, sorria, pense em mim, reze por mim. Deixe que o meu nome seja uma palavra comum em casa, como foi. Faça com que seja falado sem esforço, sem fantasma ou sombra. A vida continua a ter o significado que sempre teve. Existe uma continuidade absoluta e inquebrável. O que é esta morte senão um acidente desprezível? Porque ficarei esquecido se estiver fora do alcance da visão? Estou simplesmente à sua espera, como num intervalo, bem próximo, na outra esquina. Está tudo bem!”
Esse foi o texto que Ana Carolina Oliveira, mãe da menina Isabella, pôs em seu Orkut hoje, dia em que ela completaria 6 anos, se não houvesse sido brutalmente assassinada no dia 29 de março.
A imprensa está fazendo um barulhão em cima do caso, o que é digno por um lado. Mas Lucas ainda não é da imprensa e resta a ele só pensar em tudo como ser humano. Mas analisar o que? Eu não penso mais investigativamente sobre essa história, a polícia e os jornalistas já o fazem. Factum: a morte de Isabella tem sido para mim como a morte de Heath Ledger no começo do ano. Não só morreu uma pessoa, mas uma criança e todas os milhares de caminhos e possibilidades que com ela estavam implicadas.
Considerando o mundo inteiro como uma rede, Isabella podia ser ao mesmo tempo uma adulta como várias outras, que passam pela vida sem tocarem os outros de maneira global, como justamente o contrário. Quem sabe ela seria uma grande ativista da paz? Ou até mesmo uma terrorista? Ou uma estrela de cinema?
Toda a árvore de decisão vital dela foi cortada antes que suas raízes se aprofundassem ainda mais e seus galhos se espalhassem pela paisagem. Eu como homem que acredito no homem não posso deixar de me abalar, me emocionar e me indignar com isso.
Contudo, esse texto postado pela mãe é simples e os mais cínicos podem até chamá-lo de piegas; mas ele é super oportuno e, talvez, o pensamento por trás dele seja o melhor lenitivo para a angústia que a morte abrupta e sem motivos tem causado. De uma certa forma, Isabella fez bastante por sua família e as pessoas que a conheceram, e agora está fazendo pelo país. Desta forma, as possibilidades dela não foram tão violentamente serradas.
Feliz aniversário e descanse em paz, Isabella.

2 comentários:

Duane. disse...

Eu vi esse texto hoje no jornal, depois passou uma ‘encenação’ do crime... É impossível não sentir o baque imaginando uma menininha sendo levada pelos braços do próprio pai para os braços da morte. Dói pensar que há seres humanos com um nível de crueldade tão alto assim. Essa palavra, crueldade, por si só já traz um transtorno enorme. Fico pensando na mãe, sem reação, sem acreditar... Uma mãe que ainda tinha muito que ensinar e aprender com sua filha.
E a Isabella, só posso deixar o meu ‘descanse em paz’.

Igor Santana disse...

não aguento mais falarem dessa menina. Podem ter milhoes de indicios, mas nunca vao provar quem a matou.