"...who'd have known, when you flash upon my phone i no longer feel alone"

- Lily Allen

BitchyList

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Recordações

Ontem à noite encontrei com duas amigas, tomamos umas cervejas, fumamos e conversamos. Elas contavam como no Universo Paralello, especialmente depois do Reveillon, as pessoas têm noções de tempo diferentes, criando assim diversos universos convivendo num só.
É engraçado como não é necessário se retirar de sua rotina normal, indo para um mega festival de cultura alternativa, para você notar como percebemos o tempo diferentemente. Sempre gosto, por exemplo, de no dia após uma noite de loucuras - daquelas que rendem e de repente você já está no dia seguinte, - recapitular todo o processo, desde o prólogo até o momento presente. Seila, é meu ego de escritor querendo sempre lembrar dos detalhes e de todas as anedotas dos acontecimentos.
Ontem, também, comecei a assistir Amarcord de Fellini e, conforme eu chegava no fim, ia tomando ciência de que justamente o mais adorável dos filmes dele é essa aparente não-coesão dentre os acontecimentos. Dos dois filmes que vi dele, este e A Doce Vida, ambos são recheados de acontecimentos quase soltos das vidas das personagens.
Estou longe de dizer que os filmes de Fellini não têm linearidade e que os acontecimentos do roteiro não têm propósito. Contudo, as coisas não parecem acontecer para desencadear outras; em "Amarcord" [que está mais fresco na memória] o roteiro parece não passar de uma série de recordações [e foi este o título dado em português] de uma cidadezinha italiana lá pela década de 1930.

*la gradisca [centro]*

É sabido que o filme é meio autobiográfico, mas nenhuma das histórias leva a outras ou a um clímax geral, digamos que o filme não é sobre um fato específico daquela cidade, nem mostra os acontecimentos como tijolos para este fato. E aí reside a genialidade do roteiro, pois ele se aproxima ao máximo da vida.

Ontem também vi um vídeo noob sobre isso, sobre a vida ser feita de acontecimentos. E na nossa percepção diária [e limitada] do tempo é assim que as coisas se apresentam. A maioria de nós [acho que graças a dios] não vive pensando que cada ação instantânea é pavimento para o futuro, apenas vivemos e pronto. Mas por saber disso e ser obcecado pelo tempo que acredito nas recordações e em mantê-las vivas dentro de mim.

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